O EXERCÍCIO FÍSICO COMO INTERVENÇÃO NÃO FARMACOLÓGICA NA DISFUNÇÃO MITOCONDRIAL E CARDÍACA DURANTE DEFICIÊNCIA DO HORMÔNIO SEXUAL FEMININO.

Resumo: As diferenças de sexo/gênero na incidênia e prevalência de doenças cardiovasculares (DCV) sugerem que os hormônios femininos desempenham um papel chave na manutenção da função cardíaca normal. Está bem descrito na literatura que há uma menor incidência de doenças cardíacas em mulheres jovens quando comparadas a homens pareados por idade. Contudo, após a menopausa, a incidência de DCV em mulheres pode ser igual ou até maior do que a observada em homens. Essas observações levaram à hipótese de que a incidência aumentada de DCV em mulheres após menopausa poderia estar associada à queda dos níveis de hormônios femininos. Nessa linha, é bem estabelecido que o estrogênio desempenha um papel significativo no acoplamento excitação-contração do músculo cardíaco, através da sua contribuição na regulação do retículo sarcoplasmático (RS), na sensibilidade dos miofilamentos ao cálcio e no estresse oxidativo. Por outro lado, a deficiência de estrogênio pode induzir disfução contrátil, pelo menos em parte, pela ativação do receptor do tipo 1 de angiotensina II (Ang II).
A disfunção do ventrículo esquerdo (VE) é acompanhada de desajuste no metabolismo e na bioenergética ao substratos cardíacos, o que contribui para o desenvolvimento e progressão da disfunção cardíaca. De fato, há uma íntima conexão entre a dinâmica contrátil miocárdica e o metabolismo oxidativo, uma vez que o suprimento energético deve se equiparado a demanda, devido ao alto requerimento para sustentar a função contrátil. No coração adulto, quase toda a produção de energia se origina da fosforilação oxidativa continuamente gerada pela oxidação dos substratos carbonilados.
Há uma crescente evidência de que a deficiência de estrogênio prejudica a função das subpopulações mitocondriais cardíacas espacialmente distintas, sugerindo que a proteção observada em fêmeas poderia decorrer de alterções na função mitocondrial regulada pelo estrogênio. O prejuízo da função mitocondrial foi observado em ratas com deficiência de hormônios sexuais, acarretando em disfunção cardíaca. A disfunção mitocondrial leva à desregulação dos processos de sobrevivência celular envolvidos na produção de adenosina trifosfato (ATP), aumento da produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) e mobilização do cálcio intracelular, com consequente apoptose.
A terapia de reposição hormonal tem se mostrado benéfica para a função cardiovascular. Contudo, apesar do senso comum, dois grandes estudos prospectivos falharam em demonstrar melhoras em mulheres na menopausa submetidas à terapia de reposição hormonal. Esses resultados encontrados no Heart and Estrogen-Progestin Replacement Study e Women’s Health Initiative (WHI) contrastam com uma série de estudos com animais nos quais o estrogênio se mostrou protetivo. Além disso, a segurança da terapia de reposição hormonal tem sido discutida e novas terapias farmacológicas e não farmacológicas serão propostas como alternativas.
O exercício físico (EF) é uma intervenção bem conhecida capaz de melhorar a função cardiovascular em pessoas saudáveis e doentes, além de ser considerado um método efetivo para prevenir ou tratar muitas DCVs. Além disso, o treinamento físico deflagra uma série de adaptações bioquímicas e moleculares no miocárdio e melhora a função mitocondrial cardíaca. Em geral, os benefícios são deflagrados por aumentado dispêndio energético, tendo um impacto no metabolismo mitocondrial, com efeitos subsequentes em uma gama de processos de sinalização intracelular, tais como aumento na atividade dos complexos respiratórios da cadeia de transporte de elétrons (CTE) e consequente redução na produção de EROs.
O impacto do treinamento com exercício de “endurance” sobre a disfunção mitocondrial cardíaca durante a privação hormonal em ratos é ainda desconhecida. Nesse sentido, a hipótese do presente estudo é que doze semanas de treinamento com exercício de “endurance” de moderada intensidade após a indução da privação hormonal em ratas possa estar associado a uma melhora sobre os parâmetros de contratilidade e de bioenergética cardíaca.
A seguir, detalharemos sobre a importância da função/dinâmica mitocondrial na deficiência dos hormônios ovarianos, bem como o papel do treinamento de “endurance” de moderada intensidade, utilizado como adjuvante no tratamento das doenças cardiovasculares. 

Data de início: 01/07/2018
Prazo (meses): 60

Participantes:

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Coordenador IVANITA STEFANON
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