Efeitos da exposição crônica a baixas concentrações de cloreto de mercúrio (20 ηM) sobre o sistema cardiovascular de ratos

Nome: KARINA GIUBERTI
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 05/10/2010
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
IVANITA STEFANON Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANA LUCIA KALININ Examinador Externo
DALTON VALENTIM VASSALLO Examinador Interno
HENRIQUE DE AZEVEDO FUTURO NETO Examinador Interno
IVANITA STEFANON Orientador
LEILA MASSARONI Examinador Externo

Resumo: O mercúrio está naturalmente presente na crosta terrestre e é inevitável, algum grau de exposição dos seres vivos a ele. Tem sido investigada uma variedade de alterações induzidas pelo mercúrio sobre o sistema nervoso central, renal e a sua associação com o aumento de risco cardiovascular. Entretanto, seus efeitos tóxicos sobre o sistema cardiovascular, em condições de normotensão e hipertensão, ainda
não estão totalmente elucidados. Neste estudo, ratos Wistar e SHR (2,5 meses de idade) foram divididos em quatro grupos: controle Wistar (Wistar CT) e controle SHR (SHR CT) que receberam injeções intramusculares de salina por 30 dias ou mercúrio (Wistar Hg) e (SHR Hg), que receberam diariamente 0,07 μg/Kg de HgCl2, sendo a
primeira dose 4,6 μg/Kg, alcançando uma concentração plasmática final de cerca de 29 ηM de mercúrio. Ao término do tratamento, foram realizadas: a avaliação ponderal, histológica, hematológica, o perfil bioquímico, as medidas dos parâmetros hemodinâmicos, a atividade da ECA e a produção de MDA de todos os animais. A exposição crônica ao HgCl2 não alterou os parâmetros ponderais e histológicos quando comparados os grupos Wistar CT vs Wistar Hg e SHR CT vs SHR Hg. Na
avaliação hematológica, os ratos Wistar Hg apresentaram aumento no conteúdo plaquetário (Wistar CT: 757 ± 55 vs Wistar Hg: 913 ± 20 103/μL) e da porcentagem de neutrófilos (Wistar CT: 14 ± 5 vs Wistar Hg: 30 ± 4,3 %) e o percentual de linfócitos diminuído (Wistar CT: 83 ± 4,6 vs Wistar Hg: 68 ± 4,5 %), enquanto os ratos SHR Hg, apresentaram o percentual de neutrófilos diminuído (SHR CT: 45 ±
5,9 vs SHR Hg: 21,3 ± 4,8 %) e o de linfócitos aumentado (SHR CT: 53 ± 6,5 vs SHR Hg: 76 ± 4,3). A glicemia do grupo Wistar Hg estava aumentada (Wistar CT: 161,6 ± 12,3 vs Wistar Hg: 209 ± 15,4 mg/dL) e de globulina diminuída (Wistar CT: 3,21 ± 0,09 vs Wistar Hg: 2,84 ± 0,1 g/dL). A pressão arterial sistólica, medida semanalmente por pletismografia de cauda, aumentou nos ratos Wistar na quarta
semana de tratamento (Wistar CT: 117 ± 3 vs Wistar Hg: 143 ± 5 mmHg). Foi observado também, aumento na pressão diastólica final do VE dos ratos Wistar Hg (Wistar CT: 0,25 ± 0,4 vs Wistar Hg: 3,3 ± 0,5 mmHg). O tratamento com Hg aumentou a atividade da ECA no plasma (Wistar CT: 187,1 ± 16,2 vs Wistar Hg: 235,5 ± 14,2 ηmol/mL/min) e no coração dos ratos normotensos (Wistar CT: 3,4 ± 0,2 vs Wistar Hg: 4,1 ± 0,1 ηmol/mL/min/mg). Nos animais SHR Hg, a atividade da
ECA estava aumentada no plasma (SHR CT: 113 ± 11,4 vs SHR Hg: 163 ± 15,8 ηmol/mL/min) e diminuída nos rins (SHR CT: 80 ± 6,3 vs SHR Hg: 61,4 ± 2,8 ηmol/mL/min/mg), pulmões (SHR CT: 87,6 ± 2,2 vs SHR Hg: 75 ± 4 ηmol/mL/min/mg), coração (SHR CT: 17,9 ± 1,1 vs SHR Hg: 14,8 ± 0,58 ηmol/mL/min/mg), cérebro (SHR CT: 40,3 ± 2,3 vs SHR Hg: 27,8 ± 1,8 ηmol/mL/min/mg) e aorta (SHR CT: 670 ± 16,3 vs SHR Hg: 535 ± 19,2 ηmol/mL/min/mg). A participação do estresse oxidativo foi avaliada de maneira indireta através da medida da produção de MDA, que se encontrou aumentada nos ratos Wistar Hg, tanto no plasma ( istar CT: 0,93 ± 0,06 vs Wistar Hg: 1,28 ± 0,18 mM) quanto no coração (Wistar CT: 0,22 ± 0,01 vs Wistar Hg: 0,28 ± 0,01 mM) e
diminuída nos rins (Wistar CT: 0,38 ± 0,03 vs Wistar Hg: 0,14 ± 0,01 mM). Nos ratos SHR Hg, esta produção estava aumentada no coração (SHR CT: 0,45 ± 0,02 vs SHR Hg: 0,55 ± 0,02 mM) e na aorta (SHR CT: 0,96 ± 0,11 vs SHR Hg: 1,51 ± 0,14 mM) e diminuída nos pulmões (SHR CT: 0,21 ± 0,01 vs SHR Hg: 0,12 ± 0,01 mM), rins (SHR CT: 0,96 ± 0,03 vs SHR Hg: 0,51 ± 0,01 mM) e cérebro (SHR CT: 0,54 ±
0,03 vs SHR Hg: 0,34 ± 0,01 mM). Estes resultados sugerem, que a exposição crônica ao mercúrio mesmo em baixíssima concentração, interfere na atividade da enzima conversora de angiotensina e na produção de radicais livres. Também altera os valores glicêmicos, plaquetários, imunológicos, da pressão arterial sistólica e da pressão diastólica final do ventrículo esquerdo. Os resultados isolados ou interligados, podem contribuir para o entendimento das várias patologias relacionadas à contaminação com o metal. Podemos concluir que esta exposição representa um fator de risco para o esenvolvimento de doenças cardiovasculares nos animais normotensos (Wistar) e um fator agregante aos riscos pré-existentes nos animais hipertensos (SHR).

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